Todos os povos querem ter sua liberdade e traçar seu destino, mas com bem estar, ordem e paz. Quanta luta e quantas guerras têm sido feitas em nome dessa conquista! Nem sempre têm o êxito desejado. Governos ditatoriais, injustos e incompetentes têm surgido. Às vezes o povo fica submisso e atrelado ao poder injusto dominante. Muitos se calam porque são comprados com dinheiro. Traem seus irmãos para obterem vantagens materiais e de posição social avantajada. Muito disso acontece também no Brasil. Muitos políticos não têm legitimidade moral para governarem porque traem o voto do povo. Às vezes foram eleitos com a compra de votos. Usam do povo e das coisas do povo para vantagens pessoais, não fazendo muito para o benefício social.
Deus prometeu a Abraão a formação de um grande povo de sua descendência, abençoando-o. Através dele seriam abençoadas todas as famílias (Cf. Gênesis 12, 1-4). Deus sabia da grandeza moral desse homem. Confiou-lhe grande responsabilidade. Ele foi fiel à missão. Sacrificou-se totalmente para realizar as ordens divinas. De fato, todo ser humano, quando antenado com o projeto de Deus e querendo realizar o bem ao semelhante, não mede esforços para desenvolver sua capacidade e servir a comunidade. Respeita o meio ambiente e leva os outros a também fazê-lo para cuidarem do dom de Deus, a terra, que deverá servir a todos e em todos os tempos. Os governantes deveriam ser os primeiros a promoverem políticas públicas que melhor favorecessem a defesa do meio ambiente. A Campanha da Fraternidade nos chama atenção para o cuidado com o planeta terra. Ele é dom de Deus e precisamos ter todo o respeito para o usarmos com critério, discernimento e respeito.
Se quisermos ser realmente grande nação, precisamos nos unir para tornarmos a terra um meio respeitado que nos faça promover sua própria vida e ajudar a vida de todos de modo equilibrado, justo e eficaz. Desmatando desordenadamente, cortando as matas ciliares, poluindo os rios e o ar, jogando lixo em qualquer lugar, concentrando terra nas mãos de poucos, usando o solo urbano com desrespeito ao fluxo das águas, construindo sem planejamento, não dando condição de moradia adequada para todos, tirando a oportunidade de trabalho na terra, não vivemos como pessoas de bom uso da razão. Nesse sentido, o lema da Campanha nos adverte com as palavras bíblicas: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).
Nesse tempo quaresmal somos instados, como cidadãos que desejam formar uma grande nação, com verdadeira fraternidade, a uma real conversão. Ela parte do acionamento da fé coerente com a prática do amor a Deus. Preparamo-nos para a Páscoa dando nossa adesão ao projeto de Deus. Ele nos deu a terra para dela cuidarmos com verdadeiro amor. Com o respeito ao semelhante, promovemos nossa união e solidariedade para construírmos uma nova mentalidade, a da promoção da vida plena para todos. Cuidar da vida do planeta é também de fundamental importância. É consequência da aceitação do amor a Deus.
É arcebispo metropolitano de Montes Claros e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico e Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1943. Pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo (CSS). Foi nomeado arcebispo metropolitano de MOC em 07 de fevereiro de 2007, tomando posse nesta Igreja particular em Missa Solene no dia 14 de abril do mesmo ano. Foi ordenado sacerdote estigmatino em 09 de janeiro de 1971.
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